terça-feira, 28 de abril de 2009

Anjo Sem Asas (26/11/2006)


Ela estava sentada a olhar a lua
Através dos vidros molhados pela chuva
Até que a porta de casa de abre
Era ele,
Ela corre para o abraçar
E repara nas lágrimas da cara dele
Tinha o resultado do exame na mão
Completamente encharcado
Ela tenta ler o papel,
Mas não se safa,
A chuva levou tudo

Ela olha-o nos olhos á espera de uma resposta
Ele vira-lhe as costas
Ela desespera e grita...
De repente ele pára!
Abaixa a cabeça...
E num soluço diz: "Um ano"...
Abraça-a e fecha-se num quarto...
Ela está imóvel...
Tantas são as lágrimas que lhe caem
Não se consegue mexer
Nem falar...
Ajoelha-se no chão...
Vem-lhe todas as recordações á cabeça...
Não as consegue largar...
Ela grita!
Com a sensação que ninguém a ouve
Ele lá dentro ouve-a em silêncio...
Nem se mexe...
E de repente,
A porta bateu!
Ele espreita,
E ela não está,
Pega nas chaves e saí atrás dela...

Ele ainda a vê a sair com o carro,
Pega no dele e tenta segui-la...
Liga-lhe,
Mas ela não atende!
Começam os relâmpagos
A chuva caí mais forte!
Ela e o ambiente fundem-se!
São um só!
Ele continua atrás dela,
Já fora da cidade,
Atravessam o monte...
Debaixo da lua que chora...

Uma curva...
Ela passou,
ele tentou...
Era muita a velocidade,
A chuva fez as rodas escorregarem...
O carro voa, e caí na mata...
Último suspiro!
Ela no carro finalmente
Se apercebe que é absurdo,
Não pode desperdiçar!
Volta para trás para dizer que o ama!
Mas vê que ele não está mais ali...
Saí do carro á procura...
A chuva acalma,
Ela aproxima-se da pedra quebrada...
E de repente,
A chuva caí em força!
A lua esconde-se nas nuvens negras que vão cobrindo o céu!
A chuva junta-se com as lágrimas que ela deita
Observando...
As gotas de chuva a caírem no fogo da explosão!
A baterem no carro...
Mais uma vez,
Ela grita!
Desta vez com toda a força que lhe resta...
O desejo de autodestruição
consome-lhe a alma...

Até que uma luz aparece á sua frente...
A sombra do homem que ama ergue-se...
E lhe diz: "Eu perdoo-te, meu anjo..."
E desaparece num instante!
Ela vira as costas á destruição que causou...
E caminha na estrada sozinha...
De olhos fechados!
Começa a chegar o socorro...
Ela continua caminhando...

Tenta compreender o que se passou!
Não acredita que tirou ainda mais
Do tempo que lhe restava...
Ele perdoou,
Mas quererá ela continuar,
Mesmo com a culpa?
Não é o perdão que a faz desaparecer...
Atravessa o monte andando...
Os olhos vermelhos,
Não há água no mundo para tantas lágrimas,
A chuva já não cai com muita força..
Nota-se o cansaço...

Instantes depois, olha em frente...
Uma luz vinda do fundo!
QUe se vai aproximando, aumentando...
Cada vez mais perto...
E quando a luz a alcança,
Sente o vento a tentar levar-lhe o corpo,
Sente algo a atravessa-la,
E fica tudo escuro outra vez...
Ao olhar para trás..
Repara num camião que não viu passar...
E logo concluí,
Que "anjo" não era adjectivo...

"Anjo" era nome...
Apercebe-se do seu lugar,
Uma missão...
Missão de mortal,
Amar como tal,
Viver como tal,
E oferecer a felicidade
Nos poucos anos,
Que restariam a alguém que iria amar...
Quando chegasse a altura,
Iria perceber...

E agora,
tudo tinha respostas!
A sua fusão com a natureza,
O porquê de tanto amor,
O porquê da perda...
O porquê de existir!

É a história,
De mais um anjo,
Que mora abaixo da lua!

1-"Luta por cada segundo
Ao lado Daquela pessoa...
Não deixes que nada nem ninguém
Interfira com aquilo que sonhaste,
Vive cada segundo,
E cada minuto
Vai ser eternidade em alegria"

2-"Existem anjos entre nós...
Não têm asas,
Não podem voar,
Mas podem amar e proteger,
Estão cá para nós...
Quando encontrares o teu
Saberás...
Não o deixes escapar
Depois pode ser tarde demais..."

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